sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
Breve apresentação
Quintana na transa da fumaça
Andei por algumas páginas de 'A vaca e o hipogrifo' tentando achar a perfeita passagem que simplifica a criação deste blog, e só fui esbarrar nela na página 47, já na segunda volta:
'No meio da rua, não
- Mas por que você não deita as suas idéias por escrito? - digo-lhe. Ele entrepara, não sabe se ofendido ou lisonjeado. Explico-lhe:
- É que, por escrito, a gente pode ler em casa com todo tempo...'
Esta passagem diz, ao todo, a necessidade de Phelipe e eu de deitar nossas ideias no papel, de criar algum outro suporte de memória, além de nossas passageiras, e contínuas conversas embriagadas pela Lapa e a Praça XV. Se por aqui conseguimos deitar nossos pensamentos mais exaltados, é porque este lugar nos serve não somente como plataforma digital, ou suporte físico, mas como uma cama, uma simples e confortável cama para deitá-las. E de volta ao Quintana em 'A vaca e o hipogrifo', que estou lembrando ao reler esta eterna leitura, lembrei de outra passagem que tentei agora achar mas não consegui. A mensagem principal era:
'O único problema de deitar as ideias no papel, é deixá-las dormir eternamente.'
Este livro é puramente feito de preciosidades, cada poema é servido como uma dose de eternidade, que vai crescendo e se acumulando a cada nova aplicação à realidade. E é justo nesse ponto que mais fala o verso, penso. Provavelmente, sobre a aplicação do pensamento ao mundo real, do encurtamento entre as distâncias do desejo ao gesto, e ainda mais, do poder ao desejo. Acho que nisso estamos de acordo, eu e Phelipe, no caso. Phelipe mais que eu, confesso. Talvez tenha alguma, ou muita, inclinação aos delírios poéticos - muito por causa do cotidiano ofício da poesia. Entretanto, entre nós, não existe uma discordância entre o que se vê, e o que se sente, com o que é distorção, criação, ou entre o mundo real e o mundo dos sonhos. Logicamente, é este limiar que sempre interessa à produção intelectual, e este também que nos serve, e que por aqui nos servirá.
Desta forma, o colchão está forrado, e a cama está devidamente arrumada. Só resta deitar aquele que primeiro estiver em pé, e ter a paciência de adormecê-los, transcrevê-los, psicografá-los!
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